Olhar para Jesus, apenas para Jesus

24/04/2010 00:00

“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à direita do trono de Deus.” Hb 12. 1-2.

A palavra de Deus, nos versículos acima, nos ensina a estarmos com os nossos olhos fixos na Pessoa do Senhor Jesus Cristo. Isto porque temos a tendência de olharmos para a periferia, e não para o centro de todas as coisas (Jesus), porque "aprouve a Deus convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra" Ef 1.10.

Olhar firmemente é não tirar os olhos, é não se distrair com coisas que estão ao seu redor, ainda que elas nos sejam fascinastes: "Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado? " Gal 3.1. O salmista também compreendeu isto quando disse: "não me ocupo de assuntos grandes e maravilhosos demais para mim" Sal 131.1. Ele viu que não devia desviar os seus olhos da simplicidade e da pureza que há em Cristo Jesus (II Cor 11.3), em troca de assuntos grandes e maravilhosos. É fato que Deus e Seu Filho Jesus Cristo, são uma profundidade de riquezas, mas não haverá nenhum conhecimento, se tirarmos os olhos de Jesus: "então contemplei toda obra de Deus, e vi que o homem não pode compreender a obra que se faz debaixo do sol; pois por mais que o homem trabalhe para descobri-la, não a achará; embora o sábio queira conhecê-la, nem por isso a poderá compreender" Ecl 8.17. Ninguém pode conhecer a Deus, senão pela Pessoa de Jesus Cristo, e nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Col 2.3).

A princípio, ninguém poderá ver o Senhor, se o próprio Deus não abrir os olhos do seu entendimento (Luc 24.45). Em seguida, ouvirá, aprenderá, e será levado pelo próprio Deus a olhar para Jesus (Jo 6.40-45). Como podemos ver ninguém pode ir a Jesus, se pelo Pai não for trazido. Uma vez em Cristo, pudemos ter a primeira visão e sermos salvos: "Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque eu sou Deus, e não há outro." Isa 45.22. A nossa salvação se dá, quando pelo Espírito de Deus, são abertos os olhos do nosso entendimento, e somos levados a olhar para Jesus, como aquela serpente que fora levantada no deserto, pois, todo aquele que olhava para ela, vivia (Num 21.9). Fez-nos o Senhor ver, e vimos (Jer 11.18), que na morte de Jesus, morremos juntamente com Ele. Que o seu sangue nos remiu de todo pecado, e que na Sua ressurreição, ressuscitamos juntamente com Ele, para que pudéssemos viver em novidade de vida, assentados nos lugares celestiais em Cristo (Rom 6.3-6, 3.25, Ef 2.4-6).

Após esta experiência, Deus nos exorta a nunca tirarmos os olhos de Jesus, pois, Ele é o autor (o que atua) e o consumador (o realizador) da fé em nós. Todo aquele que foi crucificado com Cristo, vive pela fé que é do Filho de Deus e não sua (Gal 2.20). Todas as vezes que desviamos a nossa atenção da Pessoa de Jesus, somos ensinados pelo Espírito a lembrarmos deste ensinamento: "Porque nós não temos força para resistirmos a esta grande multidão que vem contra nós, nem sabemos o que havemos de fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti. Então disse o Senhor: Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados e vede o livramento que o Senhor vos concederá. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor está convosco" II Cro 20.12,17.

Muitas vezes os nossos olhos precisam ser abertos pelo Espírito Santo, como foi feito com o servo de Eliseu, para vermos que TUDO está na Pessoa de Jesus Cristo (II Reis 6.17). Esta foi a oração de Paulo aos Efésios e a nós também: "não cesso de dar graças por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele; sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual seja a esperança da vossa vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos, e qual a sobrecelente grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder" Ef 1.16-19. E ele encerra no verso 23 dizendo: "daquele que cumpre tudo em todos".

Não temos sido tentados e fascinados a deixarmos de olhar para Jesus, e voltarmos a olhar para a lei como estavam fazendo os gálatas. Mas sutilmente, temos sido fascinados por muitas outras coisas, como a olharmos para nós mesmos. Quem pode discernir os próprios erros? Ninguém, só Deus pode expurgar os que nos são ocultos (Sal 19.12), por isso, devemos estar olhando firmemente para Jesus. Por outras vezes, somos tentados a olhar para nossos irmãos, e julgá-los pelos seus erros. Quem somos nós para julgamos o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para firmá-lo (Rom 14.4). Todo aquele que está em Cristo, é uma nova criatura, portanto, nenhuma condenação há sobre ele. Ele se apresenta ante a glória de Deus: santo, e imaculado (II Cor 5.17, Rom 8.1, Judas 24). Só há um legislador e juiz; aquele que pode salvar e destruir, e nós quem somos para julgar nosso irmão? (Tg 4.12), portanto, os nossos olhos não devem estar nos irmãos, mas firmemente em Jesus. Não está falando aqui, que não devemos exortar o nosso irmão, pelo contrário, devemos exortar e animar nossos irmãos a fim de corrigi-los (I Ts 5.11; Hb 3.13). Está falando aqui sobre não julgar (Mt 7. 1-5; Lc 6. 37; Tg 4.12).

Também somos às vezes tentados a olhar para os homens. Às vezes porque são instrumentos de Deus para a nossa salvação, cuidado e ensinamento, mas que é Apolo, e que é Paulo, e que é ciclano, e que é beltrano, senão ministros pelos quais cremos, e isso conforme o que o Senhor concedeu a cada um, portanto, ninguém se glorie nos homens, porque tudo é vosso, e vós de Cristo e Cristo de Deus. Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (I Cor 3.5,21-23; 1.31). Os nossos olhos não devem estar fixos nos homens, ainda que sejam uma bênção para nós, mas firmemente em Jesus. Acho bom que tenhamos exemplos de homens no meio da igreja, e devemos segui-los naquilo que seguem a Cristo, ou seja, não olharemos para homens, mas a Jesus que habita neles.

Outra coisa que fascina muito os filhos de Deus é a obra de Deus. Não há obra alguma para nós, somente as obras de Deus. Deus não pode ser servido por mãos humanas como se necessitasse de alguma coisa (Atos 17.25), e ainda, Ele já fez por nós todas as nossas obras (Isa 26.12). A obra é dEle, e se Ele quiser nos usar, Ele o fará, porque é Ele mesmo quem opera em nós tanto o querer, como o efetuar segundo a sua boa vontade. E também é Ele quem dá uns como apóstolos, outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres (Fil 2.13; Ef 4.11). Todos nós temos um serviço em comum: fazer discípulos. O ministério não é deste ou daquela pessoa, mas do Senhor Jesus Cristo. É Ele quem nos julga fiel, pondo-nos no Seu ministério (I Tim 1.12). Até nosso trabalho (fazer discípulos) pode se tornar algo nocivo à nossa fé cristã, quando não estamos deixando Jesus em primeiro lugar na nossa vida. Nem a Sua obra pode mudar a direção do nosso olhar. Olhemos para Jesus, só para Jesus, Ele é o primeiro. Aleluia!    

Outra coisa que também fascina muito os filhos de Deus são as bênçãos de Deus. Hoje, na igreja, virou “modinha” pregar sobre prosperidade (na maioria das vezes material) e cura (na maioria das vezes, apenas física). Não que seja errado isso, mas se esquecem de olhar para Jesus nessa área e olham apenas para o que Jesus pode dar mesmo isto sendo uma parte mínima daquilo que Jesus tem para os seus (Isa 64.4; I Cor 2.9).  Estes são como as virgens tolas que aguardavam o noivo esperando apenas o que Ele poderia oferecer e não esperando o noivo em si (Mt 25.1-13).  Paulo era um homem muito culto, muito instruído e muito poderoso no império romano, porém, após a sua conversão, todo esse reconhecimento, tudo que ele tinha toda a sua glória, nada disso ele deixou ocupar o primeiro lugar de Jesus. Considerou tudo como esterco: "Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo" Fil 3.7-8.

Todas as vezes que tirarmos os olhos de Jesus, autor e consumador de nossa fé, e olharmos para qualquer outra coisa, teremos uma visão distorcida das coisas. Caso olharmos para nós mesmos e deixarmos de olhar para Jesus, teremos uma visão distorcida, pois, se julgarmos a nós mesmos, nunca seremos verdadeiramente julgados (I Cor 11.31). Se olharmos para os irmãos e deixarmos de olhar para Jesus, teremos também uma visão distorcida, pois, julgaremos pela aparência e não segundo o reto juízo (Jo 7.24). Se olharmos para os homens e não para Jesus, teremos também uma visão distorcida, pois, o homem não pode receber coisa alguma, se do alto não lhe for dado. Se alguém é alguma coisa, o é pela graça de Deus, segundo a medida da fé que foi repartida a cada um, sendo que nada temos do que nos gloriar, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 3.27; Rom 12.3; Gal 6.14). Se olharmos para as obras e não para Jesus, teremos também uma visão distorcida, pois, maior do que a obra é aquele que a edificou. No sossego e na confiança estará a nossa força, e com certeza, a graça de Deus para conosco não será vã (Heb 3.3; Isa 30.15; I Cor 15.10). Se olharmos para a igreja (denominação), e deixarmos de olhar para Jesus, teremos também uma visão distorcida, pois, o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, e se em nome do zelo, entristecer os irmãos, já não andamos segundo o amor. Não façamos perecer por causa deste zelo, àquele por quem Cristo morreu. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova (Rom 14.15-22). Mas se tirarmos os olhos de todas estas coisas, e olharmos firmemente para Jesus, o auto-julgamento, o julgamento de irmãos, a glória dos homens, as obras mortas, e o zelo sem entendimento, será totalmente substituído pelo amor fraternal, pelo perdão, pela longanimidade, pelo gozo, pela paz, pela mansidão e pelo domínio próprio (Gal 5.22-23). Se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos para o Senhor morremos (Rom 14.8).

Um trecho do livro “Não jogue sua vida fora” de John Piper tem uma citação de C. S Lewis que diz: Você não pode continuar “enxergando através das coisas” para sempre. A importância toda de enxergar vale de alguma coisa é ver algo através dele. É bom que a janela seja transparente, porque a rua ou jardim mais à frente dele é opaco. E se você enxergasse através do jardim também? Não adianta tentar “enxergar através” de primeiros princípios. Se você enxergar através de tudo, então tudo é transparente. Mas um mundo inteiramente transparente é um mundo invisível. “Enxergar através” de todas as coisas é o mesmo como não enxergar. Devemos olhar para Jesus para enxergar através de Jesus.

Amados, sujeitemo-nos uns aos outros no temor de Deus, e o que foi escrito, sirva para exemplo nosso: "Comerão e não se fartarão; entregar-se-ão a luxúria, mas não se multiplicarão; porque deixaram de olhar para o Senhor" Ose 4.10. "Em ti, ó Deus, meu Senhor; estão fitos os meus olhos. Em ti tenho buscado refúgio; não desampares a minha alma" Sal 141.8. "Porventura fitarás os teus olhos naquilo que não é nada? Porque certamente isso se fará asas" Prov 23.5.

Amém.

Daniel F. Almeida - discípulo de Jesus

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